Definição geral e descrição
O tamboril é um bimembranofone de caixa de ressonância cilíndrica, feito em madeira ou chapa de metal, e com um bordão em cada uma das peles, ou somente numa, o qual se toca percutindo as membranas com uma baqueta. As membranas são de pele de animal, em geral de pele de cabra, e são enroladas e cosidas aos dois "arilhos" de madeira que se colocam nos topos do fuste do tamboril. Relativamente à forma de tensar as peles, encontramos no tamboril alentejano um sistema bastante elementar e arcaico no qual a pele é esticada directamente a partir do "arilho" em que se encontra presa, passando uma corda através de pequenos furos na pele, juntos ao “arilho”. Esta corda é tensa pela utilização de "presilhas" em cada um dos "VV" formados pela corda, o que implica o dobro das presilhas que normalmente possui um tambor. Esta forma de tensar a pele, realizada sem a presença de um aro protector de madeira, encontra-se em vários tambores europeus e em representações antigas deste instrumento.
Os bordões, que não são mais que simples cordel ou tripa de porco enrolada, são presos à zona lateral do tamboril e esticados ao longo das peles do tamboril, só numa ou em ambas, que quando tensas e percutidas fazem com que o bordão vibre. O tamboril é em geral preso por uma correia ao braço com que se irá tocar a flauta de três buracos, em geral a mão menos ágil, e percutido com uma baqueta agarrada com a mão oposta.
O tamboril alentejano tem como principal característica a sua grande dimensão, com um diâmetro e fuste elevados. O seu som é grave e privilegia os ritmos simples e lentos.
Em Huelva, os tamboris são igualmente grandes e de formato similar, a única diferença prende-se no facto de utilizarem frequentemente aros de madeira, ao contrário dos alentejanos, como já referimos. Os tamboris eram, em geral, construídos pelos próprios tocadores. Entre os velhos exemplares que chegaram até actualidade encontram-se alguns com fustes de chapa de metal, os quais serão provavelmente fruto de reutilizações de latas e recipientes de metal já existentes.
No que toca à decoração, os tamboris alentejanos são na sua maioria pintados de forma monocromática, azul ou verde, não se registando qualquer outro elemento decorativo. Do outro lado da fronteira, em Huelva, é também comum os tamboris serem pintados de azul ou verde (Fig.2).
Ritmos e técnica
A coordenação para tocar o tamboril em simultâneo com a flauta, conjugando ritmo e melodia, exige alguma prática e domínio de ambos instrumentos. Antes de apresentarmos alguns dos ritmos que chegaram até nós, apresentamos de uma forma simplificada alguns conselhos e exercícios que podem ajudar, a praticar a coordenação e a conjugação dos dois instrumentos.
Exercícios:
- praticar a melodia na flauta a solo, de modo estar bem familiarizado com esta;
- treinar o ritmo a solo;
- tocar a escala na flauta, marcando o tempo com tamboril;
- praticar a escala de flauta em simultâneo com o ritmo;
- praticar a melodia na flauta, marcando simultaneamente o tempo com o tamboril;
- tocar o ritmo no tamboril, cantando em simultâneo a melodia;
- tocar melodia com uma versão mais simplificada do ritmo;
- tocar melodia e ritmo;
Nota: Brevemente será apresentada informação sobre os ritmos tocados pelos tamborileiros alentejanos.
Fig.1 - José Pessoa, D.D.F., Instituto dos Museus e da Conservação/ I.P.
Fig.2 - Diogo Leal